Ter
o nome estampado nas páginas dos jornais, atualmente, está mais acessível a
qualquer um. Através da internet, de
relacionamentos (e escândalos) com figuras públicas e de realities shows, por exemplo, anônimos têm surgido para as grandes
mídias televisivas. Afinal, o que eles procuram? O estrelato? O pop?
Muitos
almejam saírem nas colunas sociais ou terem uma matéria de um programa de
celebridades sobre eles. Celebridades. Ousam até alterarem o próprio nome para
soar melhor nos meios de comunicação. Estrelas. Luzes e badalação. Que tipos de
obras intelectuais produzem? Que contribuições trazem além do próprio nome?
Salvo poucas exceções, há artistas famosos que se recusam a serem vistos como estrelas.
Anti-estrelato. Muitos desses caras procuram subverter os padrões artísticos
impostos pela indústria, são incomuns e desconcertantes; a cena grunge do
início dos anos 1990 revelou tais tipos de caras. Grandes nomes. Hoje,
dependendo da indumentária ou de apenas uma canção, você já sabe o que esperar
do resto, os enlatados de costume.
E,
por falar em estrelas e nomes, mostro um poema de Mario Quintana. Um dos poetas
modernistas que romperam com rígidos padrões literários, e deram liberdade a
seus versos. Mario escreveu vários poemas curtos, mas de longas extensões
reflexivas. Além disso, vale destacar a presença de uma linguagem cotidiana na
sua obra; algo que aproxima bastante o poema dos temas que tratam – uma marca
dos poetas modernistas.
Em
“Biografia”, o sujeito era uma personalidade de renome. Status e prestígio social eram suas grandes conquistas, mais do que
isso, era sua glória. A ideia de SER um “grande nome”, no poema, está
intimamente ligada àquilo que uma pessoa representa socialmente. Muitas pessoas
se escondem atrás de títulos, cargos, nomes e posição social; são vazias
essencialmente. Apenas a superfície é contemplada. Esse é, portanto, um sujeito
ligado ás aparências. Associou isso a alguma coisa, leitor? No entanto, ele adoece e vem a falecer. E o
que restou? O que deixou além do nome? Nada.
Biografia
Era um grande nome —
ora que dúvida! Uma verdadeira glória. Um dia adoeceu, morreu, virou rua… E
continuaram a pisar em cima dele.
(Mario Quintana)