segunda-feira, 8 de julho de 2013

Entre as estrelas e os power trios, a gente

No rock n’ roll, os power trios (bandas de apenas três integrantes) são conhecidos por serem heroicos. Os canadenses do Rush - Geddy Lee no baixo, teclado e vocais; Alex Lifeson na guitarra e o baterista Neil Peart (ele gosta de ler muito, por isso muitas composições são suas) – são conhecidos por suas refinadas monstruosas habilidades instrumentais e suas composições complexas; é difícil acreditar que suas canções sejam tocadas por somente três caras. Escute “Tom Sawyer”, uma das mais famosas do trio, e entenderão. Por aqui, uma banda, apesar de ter passado por diversas formações, sendo até um quinteto, é mais conhecida por ser um trio, são os Engenheiros do Hawaii. A clássica formação contava com Humberto Gessinger no baixo, Augusto Licks na guitarra e Carlos Maltz na bateria. Essa formação lançou discos icônicos como A Revolta dos Dândis (1987) e O Papa é Pop (1990). Segundo próprias palavras de Gessinger, em entrevista ao programa Zoombido, de Paulinho Moska, a limitação técnica dos integrantes da banda era um barato. Concordo. Os caras derrubaram possíveis barreiras impostas, evoluíram com discos temáticos e influências do rock progressivo. Isso é tão impressionante quanto os experimentalismos de Geddy Lee e companhia.


Entre o virtuosismo do Rush e a limitação técnica (aparente) dos Engenheiros do Hawaii, está o fato deles comporem músicas incríveis com “tão pouco” – alcançaram o sucesso e se tornaram referências em seus respectivos meios.

Em certos momentos, não podemos esperar as condições ideais aparecerem para podermos fazer um projeto com o qual sonhamos (escrever um livro, viajar ou até mesmo formar uma banda). Ás vezes, temos de ser como um power trio; se virar fazendo com o mínimo, de gente (apoio) e equipamento (oportunidades), vagando entre as fronteiras do improvável e do audacioso. Não tem quem segure o baixo? Vai em frente, e assuma-o. As críticas e pressões o colocam pra baixo? Tente continuar com o que está fazendo, e quebre paradigmas. Se não for assim, nada acontecerá, e nem será.



Entre um ponto e outro, rola muita coisa. Muitas pessoas totalmente absortas em chegar até lá, se esquecem de aproveitar o trajeto.

Sempre acreditei que música e poesia têm muito a conversar. Para fechar, deixo um poema, de Mario Quintana, que é lindíssimo e adoro. Abraços, e até a próxima!


Das Utopias


Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas! 



Nota: texto, de minha autoria, publicado também em http://showcarioca.com.br/index.php/entre-estrelas-e-os-power-trio/

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